segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Desmitologizar é preciso?/!



Não é preciso ser um especialista para reconhecer as diferenças entre a cosmovisão bíblica e a cosmosvisão científica, que rege a sociedade contemporânea. Diante desta realidade, Bultmann propõe uma hermenêutica desmitologizante cujo objetivo é o de atualizar a mensagem evangélica ao mundo de hoje.
Em primeiro lugar é preciso entender que desmitologização não é a racionalização da mensagem cristã, antes é a tentativa de desvendar a verdade acerca de nossa vida e de nossa existência mais pessoal.
Para Bultmann, a mitologia é uma ciência primitiva que se propõe a explicar os fenômenos e os acontecimentos estranhos, singulares, surpreendentes ou terríveis, atribuindo-os a causas sobrenaturais. Na visão mitológica, os homens se vêem como seres inferiores e dependentes dos deuses e dos demônios, uma vez que são eles que controlam o universo. É preciso lembrar que a linguagem mitológica usa a figura dos deuses para representar o poder situado mais além do mundo visível e compreensível.
Na mitologia é muito comum falar de deuses como se fossem “homens”, cujo poder sobre natural é capaz de interferir e transformar a ordem natural dos acontecimentos históricos.
Um dos grandes desafios da desmitologização é refletir sobre a natureza da fé, uma vez que Deus é invisível é preciso eliminar todo mito que o torna visível, já que Deus mesmo se subtrai aos olhares e à observação. A desmitologização destrói todo o desejo de segurança construído sobre o conhecimento objetivante. O homem que deseja crer em Deus deve saber que não dispõe absolutamente de nada sobre o qual possa construir sua fé, e que, por assim dizê-lo, se encontra pendurado no vazio... Ante Deus, o homem tem sempre as mãos vazias.